para
o Diogo, pela amizade e, também, por me ter apresentado a Tasca Urso
I
(vamos lá falar sobre aquelas miúdas italianas)
Ao ler o texto fantástico da Ana sobre a Ruth Reichl
lembrei-me que já não escrevo sobre restaurantes há demasiado tempo. Em tempos
tive um blogue, onde escrevia muito sobre restaurantes e, tanto quanto consigo
recordar, isso dava-me um prazer enorme. Com o tempo fui mudando e cada vez me
foi interessando mais escrever sobre comida e menos sobre restaurantes. Um dia
hei-de gastar uns quantos parágrafos para entender esta transformação que me
levou de invejar os meus críticos gastronómicos de eleição a invejar os
cozinheiros, mas hoje a ideia é outra. Quando decidi que escrever sobre comida
iria ser um traço definidor das linhas em que me desenho, isso aconteceu por
causa de um restaurante e esta é a história desse momento, do meu nascimento
enquanto escritor de comida.
Aquilo que para algumas pessoas é insuportável ou
inconcebível acontece, por vezes, agradar-me. É muito mais uma coincidência
curiosa da forma como as minhas estruturas de deleite se constroem do que um
desejo blasé por peculiaridade. E, no entanto, esse desejo está lá, alvejado
tantas vezes, até, pelo tal masoquismo gastronómico de que já aqui falei. A
minha relação amorosa com a comida – é a melhor expressão que tenho, apesar de
estar consciente da inconveniência de algumas das implicações visuais do que
acabei de dizer – tem, por isso, um segmento dedicado ao sofrimento.
Mas o masoquismo gastronómico não é só uma questão de
sofrimento com produtos estranhos ou nojentos, é algo que se alarga também às
actividades gastronómicas. A maioria das pessoas detesta jantar fora sozinha.
Eu não. Jantar fora sozinha é uma coisa que me agrada. Os meus horários de
trabalho, muitas vezes, obrigam a que isto aconteça, mas nunca foi só uma
questão de hábito ou falta de alternativa, é mesmo um prazer. Nunca consegui
reparar em tantos pormenores interessantes dos restaurantes como das vezes em
que estou sozinho, como também não me lembro de ter visto tanta gente atraente
ou curiosa nas vezes em que estou acompanhado. A solidão põe-nos em contacto
invasivo com a vizinhança. E há ainda outra vantagem, a ausência de comunicação
directa, a não obrigatoriedade de um diálogo com a pessoa do lado ou da frente,
é uma espécie de alcaloide para a imaginação.
Há, contudo, uma excepção: as noites de sábado. Jantar fora
e sem companhia numa noite de sábado é um convite a duas sensações
incompatíveis com uma boa digestão: a depressão e a esperança ansiosa. Não há
muita gente com fibra para aguentar o peso de uma refeição nocturna solitária e
muito menos há quem aguente isso num sábado. As pessoas que jantam fora num
sábado são as mais preparadas – pelo menos neste campeonato – e, por isso
mesmo, as mais desiludidas, as mais amarguradas, as mais impenetráveis. A
certeza de que estamos a oferecer aos outros o triste espectáculo da nossa
solidão transforma-nos num espelho em que eles vêm as suas próprias angústias
reflectidas.
E depois há a treta da esperança que funciona como anulador
de enzimas. Os olhos saltam entre a entrada do restaurante e as outras mesas, à
espera que chegue alguém conhecido ou, então, que uma cena merecedora de versão
cinematográfica se concretize e as duas raparigas morenas e italianas que estão
na mesa do lado, a partilhar uma garrafa de Fita Preta, me convidem para jantar
com elas e se interessem verdadeiramente por aquilo que tenho para lhes dizer.
Ali estavam elas, parecidas uma com a outra e ainda assim
atraentes por motivos distintos, a falar italiano com a minha imaginação – e
com o meu desejo. E ali estava eu, à distância de uma palavra, caso a ela me
atrevesse, a observar aquele espaço perfeito e afiado em que o vestido branco
de uma delas terminava e começava uma coxa bronzeada e fulgurante, um lugar estrangeiro
e inóspito para a minha timidez. Poucas vezes desejei tanto ter algo perfeito
para dizer ou algo especial em mim que pudesse utilizar como passaporte para
transpor aquela fronteira de sensualidade desmesurada e dois corpos de um verão
absurdo, provavelmente dispostos àquilo que de mais belo existe, embora não
necessariamente comigo. Agora que penso nisso, talvez pudesse ter-lhes dito
isto mesmo e, claro, tentando a minha sorte. Teria neste momento o conforto da
temeridade em meu redor. Assim, fico nesta angústia de acabar por acertar quase
sempre, mas com demasiado atraso.
Isto não é uma criação literária. Aconteceu-me mesmo, na
Tasca Urso, e na altura pensei que nunca mais seria capaz de lá regressar sem
me sentir deprimido. Uma situação destas pode estragar um restaurante para o
resto das nossas vidas e esse é, também, um dos riscos de jantar fora num
sábado, mas, aparentemente, quando lá regressei outra vez, uma boa refeição salvou-me
o restaurante e todas as minhas futuras idas.
Devo à Tasca Urso a minha vontade de escrever sobre comida.
Escrever é, pelo menos nesta área, uma forma de estudar as sensações. Não
escrevo sobre comida porque adoro comida, se bem que adoro comida. Não é o amor
que me motiva a escrita, não escrevo para manifestar a minha adoração por um
bife com a crosta deliciosamente caramelizada e regada em manteiga ou por uma
mousse de chocolate com pequenos torrões de açúcar mal derretidos. Não é para
partilhar com quem me lê o novo restaurante pelo qual estou obcecado ou uma forma
assombrosa de fazer caldo de marisco para o meu risotto de gambas, gengibre e
limão. Escrever tem origem na incompreensão, só é importante escrever quando as
palavras faltam ou são insuficientes na medida da sensação e, por isso mesmo,
há que ir para casa e perder todo o tempo que tenho à procura delas.
Na Tasca Urso, quando lá comi pela primeira vez,
aconteceu-me uma dessas refeições que me deixou sem palavras. E por mais dignos
que sejam todos os jantares na Tasca Urso (continua a ser um dos meus restaurantes
preferidos para ir no Verão em Lisboa), acompanha-me sempre que lá vou uma
certa tristeza, por saber que nunca vou voltar a sentir-me como da primeira
vez, a menos que eu seja como aqueles gajos que são atingidos por raios mais do
que uma vez na vida. O que comi nessa vez? Se não me falha a memória – e, para
isto, a memória não me costuma falhar – comi pimentos padrón, rolos brick de queijo com chutney de frutos silvestres,
lulinhas fritas em alho, pataniscas de bacalhau com molho de iogurte, morcela
com migas gatas, camarões em molho de laranja, alheira com doce de tomate e
queijo de cabra, empadinhas de leitão e, como sobremesa, espera-maridos e
mousse de limão. Que a quantidade de pratos não vos alarme. Só gulosos eramos
oito. Mas ainda assim sei que comi muito e, também, que misturei no prato
várias coisas ao mesmo tempo, com enorme sucesso no caso do chutney de frutos
silvestres com a morcela e com as empadinhas, uma das melhores decisões que já
tomei e que repeti sempre lá voltei.
Curiosamente, esta refeição que despertou em mim a vontade
de escrever sobre comida nunca foi passada a escrito. Não é que não tenha
tentado, que não me tenha sentado à mesa a escavar no meu corpo as palavras que
ela já sabia mas que eu ainda não tinha conseguido encontrar. Nunca lá cheguei
e, com o tempo, esta refeição começou a entrar naquele espaço da memória que se
assemelha ao bosque do Robert Frost: “The woods are lovely, dark and deep./ But I have promises to keep,/ and miles to go before I
sleep,/ and miles to go before I sleep.”.
II
(Vamos lá falar sobre a Tasca Urso)
Face ao fracasso, face à já longa fila de tentativas
frustradas de escrever sobre essa refeição, à qual este texto necessariamente
se vai juntar, apenas posso explicar porque é que continuo a ir à Tasca Urso
mesmo sabendo que nunca mais vais ser igual. É difícil regressarmos aos sítios
onde fomos felizes sem qualquer esperança de repetição. É como ouvir uma música
que associamos a uma namorada que nos deixou para sempre.
Apesar disto, há razões óbvias para invariavelmente
regressar à Tasca Urso. Os donos são simpáticos e acolhedores como já não é
comum. Trabalha lá um dos melhores empregados-de-mesa de Lisboa, pelo menos no
que diz respeito à capacidade de equilibrar, em doses razoáveis, o bom humor e
a competência. É, para melhorar ainda, um excelente conselheiro de vinhos.
Mas isto não interessa muito. A localização, a competência
da equipa e o arranjo do espaço – a Tasca Urso tem um pátio interior
lindíssimo, onde se pode comer quando não está muito frio –, faz tudo parte do
aparato sedutor de um restaurante. Acontece que sem pratos bons, um restaurante
com outras características interessantes é a mesma coisa que uma lingerie perfeita posta num esqueleto.
Neste caso, confesso que já gostei mais do menu da Tasca Urso, tanto no sentido
de que já houve tempos em que era melhor cozinhado, como no sentido de que já
me cansei um pouco dele e que, ao fim destes quatro anos que já passaram desde
a primeira vez que lá fui, houve muito pouca inovação. Ainda assim, há um
conjunto de pratos que são apostas completamente seguras: as pataniscas, as
empadinhas e as duas sobremesas-estrela, o espera-maridos e a mousse de lima.
As pataniscas vencem em três frentes. A textura da massa
assemelha-se à das farturas de feira e o bacalhau está sempre bem temperado. Só
com estas duas boas características assim já seria um prato vencedor. Mas
depois acompanham com um molho de iogurte muito bem preparado, com pequenos
pedaços de tomate, cebola e salsa. A combinação entre o sabor da massa e o do
molho de iogurte é o passo final em direcção a um triunfo absoluto. Se um dia
for condenado à morte, a última refeição que vou pedir vai incluir, de certeza,
estas pataniscas de bacalhau com molho de iogurte. Já as empadinhas de leitão
estão nas antípodas das pataniscas, em termos de espectro gastronómico. Onde
imperava o sabor fresco e ácido do iogurte agora destaca-se a combinação entre
doce e picante, seja no próprio chutney, seja nas empadas. Depende um pouco da
sorte apanhar bocados mais tenrinhos de leitão ou não, mas como está muito bem
cortado, salteado e temperado com especiarias, as hipóteses de não saberem bem
são praticamente nulas.
No que toca às sobremesas, há que escalonar. O
espera-maridos é a melhor sobremesa da Tasca Urso e uma das melhores de Lisboa.
É um doce de ovos, açúcar e canela, com uma consistência ligeiramente mais
espessa que um creme e que passa por um processo de confecção que já tentei
reproduzir em casa sem qualquer proximidade ao êxito. Não vou explicar
exactamente como se faz porque a verdade é que eu não sei ao certo. Como disse,
tentei fazê-lo em casa, seguindo umas indicações mais ou menos raptadas à dona
do restaurante, e aquilo não ficou sequer parecido. A história do nome, segundo
me contaram é que é curiosa. Chama-se espera-maridos porque é um doce que
demora muito a fazer e que, por isso, ocupava o tempo das senhoras que ficavam
em casa à espera que o marido regressasse do café. A mousse de lima vem em
segundo lugar. Para quem prefere sobremesas mais frescas e menos enjoativas, é
a melhor solução quando se vai à tasca urso. Contudo, algumas vezes carregam
demasiado nas raspas de lima e aquilo dá uma desagradável sensação de se estar
a mastigar palha ácida.
Um outro pormenor interessante da Tasca Urso são os
pimentos padrón. Este prato é muito
mais um jogo do que comida. Mais do que o sabor, interessa o risco do picante
em que um gajo entra com os amigos quando se pedem os pimentos. Dizem que um em
cada cinco – acho que é isto, mas não tenho a certeza – é absurdamente picante
e, à custa disso, as pessoas que os pedem estão, supostamente, a entrar num
jogo em que no final alguém vai ficar com a boca completamente anestesiada e
não vai conseguir saborear o resto da refeição. Mas isto é em teoria, ou
melhor, em mito. Porque na maioria dos sítios em que servem pimentos padrón isto nunca acontece. Na maioria
dos sítios comer pimentos padrón é
como jogar à roleta-russa com uma pistola sem balas, é ver um filme de terror
de olhos fechados, ou seja, não representa qualquer risco para a saúde. Na Tasca
Urso não. Pode até não ser um em cada cinco – pode muito bem ser um em cada dez
–, mas o pimento do demónio lá acaba por aparecer e destrambelhar a refeição de
um pobre coitado com menos sorte que os outros. Já aconteceu, até, num mesmo
prato virem dois desses e, fazendo prova da pouca fortuna que algumas pessoas
têm, calharam ambos à mesma pessoa.
III
(Vamos lá falar sobre os melhores restaurantes de Lisboa)
E já que falo sobre restaurantes, qual é, para mim, o
melhor restaurante de Lisboa? Comer em Lisboa é coisa que tenho feito nos
últimos dez anos da minha vida, seja em restaurantes, seja na minha casa ou na
de amigos, e já devo ter, por isso, uma ideia formada relativamente a esse
aspecto. E tenho.
Não há forma alguma de eu vos provar que a Taberna Ideal e
a Petiscaria Ideal são o melhor conjunto de restaurantes de Lisboa. Mas eu sei
que a Taberna e a Petiscaria são os melhores restaurantes de Lisboa. Reparem
numa coisa, e isto tem toda a relevância, eu disse que sei que são os melhores
restaurantes de Lisboa, em vez de dizer que acredito nisso ou que tenho fé
nisso.
Sendo este um restaurante com um conceito de partilha muito
vincado, a minha condição, a de ter ido sempre acompanhado por uma pessoa
apenas, proporcionou-me a experiência mais cirúrgica que aqueles restaurantes
podem oferecer: a escolha – recomendada – de apenas três pratos para partilhar.
Na Taberna isto corresponde a uma tiborna, uma entrada e um prato principal. Na
Petiscaria é diferente, porque a variedade é maior, mas também não se afasta
muito do conceito.
Da primeira vez que fui à Taberna o comportamento dos
empregados deixou-me pouco confortável. Ao crescer fui-me tornando um adulto
que, no primeiro contacto, aplica demasiada seriedade e distância e, por isso,
toda aquela filosofia de restauração, simuladamente descontraída – mas completamente
ensaiada – chocou com o meu feitio. Quem por lá passou mais que uma vez já deve
saber de cor a lengalenga: “olá, eu sou a Tânia, o que servimos é português,
mas como em tudo, há uma excepção e essa excepção é a coca-cola, bla bla bla
bla”. A partir da terceira vez tentei impedir a ladainha de acontecer,
explicando que já tinha lá ido umas vezes, mas nunca consegui que isso
acontecesse. Em vez de se intimidarem com a minha frieza e com a rapidez da
minha interrupção, a descontração dos empregados conseguiu sempre empurrar-me
para um silêncio resignado. Ao fim de um tempo conformei-me com aquilo, como
quem se conforma com o facto de ter que desligar o chuveiro quente numa manhã
demasiado fria de inverno. A vida não pode parar porque eu fico mesmerizado a
olhar para o vapor que as extremidades do meu corpo vão libertando, tal como o
meu prazer gastronómico não pode ser interrompido porque ao fim de uma dezena
de vezes a ladainha dos empregados continua a constranger-me. O desconforto
emocional, tal como o frio de uma manhã de inverno, têm que puxar pela minha
dimensão estoica.
Talvez esteja até a exagerar. Talvez nem seja bem uma
questão de resignação com o desconforto. Agora que penso nisto – estes textos
têm esse objectivo, fazer-me pensar sobre aquilo que se passa enquanto tenho
prazer a comer –, há uma outra explicação. Cada vez mais tendo a observar os
restaurantes a partir de uma concepção organicista, como se no conjunto a sua
estrutura com mais potencialidades de analogia fosse um corpo humano. Os
restaurantes são entidades com uma componente visceral muito marcada, ao ponto
de, para o melhor e para o pior, desenvolver uma identidade biológica. No caso
da Taberna – e da Petiscaria –, esta performance dos empregados faz parte da
estrutura do restaurante como um pâncreas faz parte de um corpo. E tal como
esse órgão, não sei muito bem para o que é que serve e até imagino que não tem
nada a ver com o prazer, mas está lá para manter vivas as partes que
desempenham essa função mais nobre.
Tenho-me furtado diligentemente àquilo que seria exigível
logo à partida a um apreciador de comida que se aventura a dizer que
determinado estabelecimento é o melhor restaurante de Lisboa. Em parte isto
acontece porque não consigo prová-lo e, no entanto, é mesmo o melhor
restaurante de Lisboa. Posso até acrescentar que a forma como o espaço está
organizado não é lá muito confortável. Não se trata de um sítio ao qual, em
teoria, eu tivesse grande vontade de ir, quanto mais de passar lá umas duas
horas. Estes dois restaurantes são como aquelas pessoas que se tornam atraentes
e enternecedoras porque conseguem retirar todas as consequências de um pormenor
perfeito com o qual foram abençoadas.
A Taberna e a Petiscaria são o melhor restaurante de Lisboa
porque é impecável a forma como exploram a sua característica mais perfeita: o
trabalho com os ingredientes. Já provei uma imensidão de pratos que por lá se
cozinham e nunca comi um que estivesse sequer perto de resvalar para o patamar
do meramente aceitável. Tudo o que ali comi estava sempre à vontade nas
divisões da perfeição. Na Taberna, os melhores pratos que provei foram um
cachaço de porco e uma costeleta de novilho. Qualquer um dos dois,
literalmente, se desfazia na boca, como se o génio gastronómico que habita
aquela cozinha soubesse uma forma de cozinhar carne que mais ninguém no mundo
faz sequer ideia como se desenvolve. Na Petiscaria ainda não consegui provar
sequer metade da ementa, mas se por lá se servir alguma coisa melhor que o
prego e o atum braseado, sou gajo para começar a prestar culto religioso
àqueles cozinheiros. O atum braseado é dos meus pratos preferidos nos lugares
que o sabem fazer bem. A diferença de texturas e temperaturas entre a crosta
exterior crocante e o interior cru é das melhores surpresas que se podem dar ao
palato. Claro que, como em muitos outros pratos, as versões da Taberna e da
Petiscaria têm ainda mais camadas de delicioso – no caso do atum é um molho
ligeiramente adocicado co mel e um acompanhamento de batatas-doces salteadas. O
prego, ao contrário do que os empregados garantem, não é o melhor de Lisboa,
porque o melhor prego de Lisboa é o Yuppie do Prego da Peixaria. É, ainda
assim, um prego absolutamente delicioso e com cogumelos Portobello.
Agora o reverso da
medalha. Tal como se diz na ladainha dos empregados, tudo tem uma excepção. No
caso da Taberna e, também, da Petiscaria são as sobremesas. Vez atrás de vez,
fui experimentando o que por ali se serve e nunca comi nada que merecesse
sequer figurar na mesma ementa que o resto dos pratos. O crumble gratinado é
pastosamente enjoativo e a tarte de chocolate branco é do mais indiferente que
já comi em termos de doçaria. Não vale a pena, contudo, fazer disto uma grande
questão. Não se come sobremesa e, pronto, a perfeição está reestabelecida.